A tecnologia de blockchain é uma das grandes inovações da história recente. Apesar da fama conquistada por criptomoedas como o Bitcoin e a Ethereum, muitas pessoas ainda não sabem explicar o que é blockchain.
Blockchain é um termo inglês para “cadeia de blocos” e significa exatamente isso: uma sequência de pacotes de informação que formam um histórico e um registro completamente digital. Por isso, ela também chamada de um grande “livro-razão” digital e compartilhado.
Mas essa é só a ponta do iceberg. A tecnologia de blockchain permitiu criar ativos digitais (como criptomoedas e NFTs) aplicativos e formas de armazenamento de dados de modo completamente descentralizado e imutável. E isso, por sua vez, permitiu incríveis inovações dentro e fora do mercado financeiro!
Continue lendo para se aprofundar e entender de uma vez por todas o que é essa tal de blockchain!
Blockchain: o que é e como funciona?
Blockchain, ou “cadeira de blocos”, é uma forma de tecnologia de registro distribuído completamente digital que usa as vantagens da descentralização e de criptografia sequenciais para criar um método de armazenamento de dados virtualmente irreversível e extremamente seguro.
A melhor comparação da blockchain é o “livro-razão”: o histórico datado de uma série de informações em cadeia. Para que isso seja possível, são precisos vários requisitos:
Descentralização
A primeira parte da blockchain é o registro em si. Mas onde fica esse registro? Onde ele fica armazenamento? Na verdade, a blockchain é armazenada em centenas ou até milhares de endereços ao mesmo tempo.
Essa rede administra a blockchain de forma descentralizada para gerar e validar novos blocos. Para isso, uma cópia da blockchain está armazenada em cada node da rede. Isso é chamado de rede “peer-to-peer” (ou par-a-par).
Assim, qualquer novo registro é testemunhado por todas as partes ao mesmo tempo, o que torna essa forma de entrega compartilhada muito mais confiável e segura do que qualquer outra já inventada na história.
O principal problema que essa forma de registro resolve é a questão do “ponto único de falha”. Afinal, quando uma informação preciosa está armazenada em apenas um endereço, ela é facilmente vulnerável.
Estando descentralizadas, então, as informações registradas na blockchain são invulneráveis a falhas e só podem se perder caso a rede inteira deixe de existir.
Consenso
Cada participante da rede possui uma cópia da blockchain, que é constantemente atualizada enquanto os usuários estão online. Assim, cada node (como são chamados os computadores participantes) possui uma “história”.
E, como qualquer caso em que várias partes possuem uma versão de uma história, é preciso haver um modo de todas as partes entrarem em acordo sobre qual é a versão “verdadeira”.
Então, os nodes estão constantemente entrando em consenso sobre qual versão. Geralmente, a rede considera a versão mais longa do blockchain como a versão verdadeira, porque muito provavelmente é a mais atualizada.
Contudo, a rede também depende da maioria entrar em acordo. Assim, se 51% da de rede apontar uma versão da blockchain como a verdadeira, a que valerá é essa. Esse fato cria certos problemas, como é caso dos infames ataques 51.
Ataques 51 são “hacks” em que os perpetradores ganham controle de mais da metade do poder computacional da rede. Assim, esses atacantes têm a possibilidade de manipular a continuidade do registro da blockchain.
Felizmente, esses episódios são facilmente evitáveis por redes maiores e mais descentralizadas. Redes como Bitcoin e Ethereum são praticamente imunes a esses eventos por causa do seu tamanho.
Criptografia
Uma blockchain é uma série de blocos de informações concatenados. Contudo, as informações não estão armazenadas de qualquer modo, e sim criptografadas.
A técnica de criptografia usada nas blockchains é a criptografia de hash. Um hash é o nome dado ao resultado aritmético de um algoritmo ou conjunto de algoritmos aplicado sobre a informações original.
Os algoritmos usados são extremamente complexos e requerem uma sequência de contas matemáticas possíveis apenas para computadores. O algoritmo usado pela blockchain do Bitcoin, por exemplo, é o SHA-256, que foi desenvolvido pela Agência de Segurança Nacional (NSA) dos EUA.
Cada bloco da cadeia recebe um hash criptográfico que contém o hash do bloco anterior e uma timestamp (um hash que marca a sua “data”). Assim, a criptografia que sustenta a blockchain insere no sistema tanto a sequência exata dos blocos de informações quanto a data em que elas foram registradas.
O poder da criptografia de hash é notável porque é virtualmente impossível reverter esses algoritmos. Aliás, é por isso que é impossível “quebrar” a codificação dos dados em uma blockchain e alterá-la, o que também explica a sua imutabilidade.
Esse fato também explica outra questão muito importante sobre a blockchain: quanto mais antigo é um bloco, mais seguro ele é. Afinal, para se checar ao bloco mais antigo, é preciso reverter a criptografia de todos os demais antes dele, o que aumenta a segurança da rede.
Imutabilidade
Uma vez na blockchain, sempre na blockchain. Essa é uma das principais características de registros descentralizados e o motivo pelo qual ele é tão importante para criar sistemas independentes de figuras centrais e da confiança entre os pares.
Sem essa imutabilidade, o registro seria vulnerável a atacantes e moedas digitais como o Bitcoin não teriam qualquer valor. Assim, a imutabilidade da blockchain é sua espinha dorsal e a característica que sustenta todo o valor do mercado de criptoativos.
Esse lema é tão forte que uma das maiores redes descentralizadas do mundo entrou em um forte debate e acabou se dividindo em duas. Esse foi o caso da Ethereum e esse debate deu origem à divisão entre Ethereum [ETH] e Ethereum Classic [ETC].
Blockchain e as criptomoedas
A primeira aplicação de blockchain, como muitos já sabem, deu-se com as criptomoedas, mais particularmente com o lançamento do Bitcoin em 2009. Não apenas o Bitcoin foi a primeira blockchain pública lançada como lançou as bases para todas as demais versões da tecnologia.
O whitepaper do Bitcoin foi publicado em outubro de 2008 e foi o primeiro documento técnico que detalhava o funcionamento de uma blockchain. Ironicamente, o termo “blockchain” não foi mencionado no texto, mas foi cunhado pelo público devido ao seu sistema de blocos.
O inventor (ou inventores) da blockchain foi o pseudônimo Satoshi Nakamoto, que nunca teve sua existência provada. No whitepaper, Nakamoto descreveu a blockchain como a solução (buscada há décadas) de superar o problema do duplo gasto de registros digitais.
Esse problema é uma característica inerente de toda informação armazenada digitalmente: não é porque A envia um arquivo para B que A deixa de ter uma cópia desse arquivo. Então, como é possível criar uma moeda digital?
A resposta tradicional (que é usada pelo sistema bancário atual) é a chamada prova-de-autoridade: uma parte da rede tem um poder maior sobre as outras para validar transações e registrar o débito de A e o crédito de B.
A blockchain, enfim, retirou a necessidade dessa parte “autoritária” da rede e tornou possível a criação de uma economia puramente digital, livre e 100% peer-to-peer.
Graças ao seu registro imutável e descentralizado, transferências de ativos criptografados (Bitcoin e as criptomoedas) tornaram-se possíveis em escala global e sem a necessidade de proteger a rede de qualquer modo que não seja com ela própria.
Outros usos da blockchain
Apesar de blockchain estarem associados com o Bitcoin e outras criptomoedas, o seu espectro de aplicações não para por aí. Afinal, pessoas, empresas, governos e qualquer tipo de instituição depende de informações. Ainda mais no nosso mundo cada vez mais veloz e interconectado.
Uma das principais inovações que foram alcançadas graças à blockchain são os smart contracts. Esses “contratos inteligentes” são blocos autoexecutáveis de código registrados em blockchains especializadas. A Ethereum é a rede mais famosa desse tipo.
Os contratos inteligentes permitem criar diversos protocolos e aplicativos descentralizados (chamados de DApps) que têm todas as vantagens da blockchain: são descentralizados, eficiente, seguros, confiáveis e imutáveis.
Portanto, pode ser só uma questão de criatividade ou de espírito inovador para aplicar esse registro descentralizado em algum projeto, produto ou organização. E sim: muitas empresas já estão usando blockchain para diversos fins, seja como um meio de organização ou mesmo como parte do seu produto final
A grande vantagem dessa tecnologia é oferecer um modo extremamente seguro, imutável, compartilhado e eficiente de se transmitir informações. Pode ser qualquer tipo de informação. Assim, uma blockchain pode rastrear linhas de produção, redes de distribuição, logs de atividades, pedidos e até o clima.
De toda forma, o mundo de possibilidades abertas por essa tecnologia tão disruptiva e revolucionária está só no começo. E, para se manter a par das novidades que esse mercado tão dinâmico traz, nada melhor do que ficar de olho aqui no blog!