Pode-se dizer que 2021 foi uma espécie de verão cripto. O calor da temporada passada permanece na mente de quem acompanhou o voo baixo das criptomoedas, de all time high em all time high.
Depois de tanta euforia, a pergunta que fica é: qual o futuro das criptomoedas?
Recapitulando o ano de 2021
Em 2021, o Bitcoin acumulou uma alta de quase 70% em 2021. Chegou à sua máxima histórica, 69 mil USD, em novembro. Mas as valorizações passaram bem longe dessa porcentagem… E para cima. MATIC e LUNA, por exemplo, decolaram respectivamente 14,5 mil% e 13,8 mil%. AXS foi à lua, com valorização de quase 16,2 mil %. Sem falar das moedas do metaverso, o mundo paralelo digital que, segundo a Bloomberg, pode movimentar 800 bilhões USD até 2023.
2021 também foi o período em que o termo NFT foi escolhido a "palavra do ano" pelo dicionário Collins e o Google registrou mais buscas por “como comprar bitcoin” do que por “como comprar ações”. Não se trata mais apenas de uma atividade restrita a investidores que despertaram para o valor dos ativos digitais, mas este universo passou a fazer parte da cultura popular e, quando isso acontece, é sinal de que não há mais volta. Ainda bem.
Mesmo estando no foco da atenção, a indústria ainda está vivendo a sua infância e em constante evolução. É exatamente por isso que as criptos vão ao céu e à terra muito facilmente. A dificuldade em prever qual proporção ela tomará no longo prazo faz parte do jogo, mas no curto prazo, para 2022, o despejo em larga escala de investimentos institucionais, a surpreendente multiplicação de startups envolvidas com blockchain e os constantes debates em torno da regulamentação podem dar uma ideia do que vem por aí.
Então, confira abaixo minhas previsões para o futuro das criptomoedas!
O Futuro das Criptomoedas
1. Regulamentação
Países no mundo inteiro estão preocupados com o crescimento exponencial dos usuários de criptomoedas. Os governos estão buscando entender como podem estabelecer regras para tornar as moedas digitais mais seguras para os investidores e menos atraentes para os criminosos das redes.
Este cenário de incertezas acaba fazendo com que algumas autoridades governamentais e instituições optem pelo banimento das criptomoedas. Na Rússia, por exemplo, o presidente Vladimir Putin está até agora tentando chegar a um acordo com o banco central do país, que diversas vezes pediu para impedir as transações e a mineração por lá.
Em outra ponta, os Estados Unidos já sinalizaram que não têm nenhuma intenção de proibir as criptomoedas, mas vê como urgente a regulamentação do mercado, especialmente por conta da aceleração das atividades criminosas envolvendo os ativos. O país não tem economizado forças para investigar e punir os movimentos obscuros e ilegais.
No Brasil, alguns passos estão sendo dados, como a aprovação na Câmara dos Deputados, no fim do ano passado, do PL 2303/2015, que seguiu para discussão e votação no Senado. Entre outros itens, o texto do PL estabelece os critérios para enquadramento de empresas na categoria de corretoras de criptoativos e lista uma série de deveres e condições que essas exchanges serão obrigadas a cumprir, como prover informações a órgãos do governo.
2. Aprovação de ETFs
O primeiro ETF cripto a ser negociado na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE) foi o BITO, da empresa ProShares, apoiado em contratos futuros do BTC. Isso aconteceu em outubro do ano.
Antes disso, a fintech brasileira Hashdex já tinha lançado no Brasil, em abril, o pioneiro HASH11, que replica o Hashdex Nasdaq Crypto Index. O crescimento do cripto produto foi tanto que no mês passado ele chegou a desbancar o BOVA11 em número de cotistas.
O desenvolvimento de ETFs no segmento representa uma forma mais convencional de apostar em um mercado tão novo. São mecanismos que podem impulsionar a adoção de criptomoeda em uma escala maior.
Esses fundos passam a ser uma opção para os investidores que não desejam abrir contas em exchanges de cripto a fim de administrar e custodiar a própria cesta. A partir das corretoras tradicionais, onde já mantêm suas ações ou planos de previdência, podem ter acesso ao produto, ainda que o risco com a alta volatilidade dos preços permaneça o mesmo.
E esta tendência não para. Para 2022, novos fundos do tipo estão previstos e, embora estejamos ainda em fevereiro, já existem mais dois disponíveis na bolsa brasileira. Esta semana, a Hashdex estreou na B3 um ETF dedicado a finanças descentralizadas, o DEFI11, após a captação de 55 milhões USD para fazer o lançamento.
Desenvolvido em parceria com a CF Benchmarks, provedor global de índices cripto, o DEFI11 espelha o “CF DeFi Modified Composite Index”. Segundo a fintech, fundada pelo brasileiro Marcelo Sampaio, o índice segue “critérios rigorosos de elegibilidade para obter a melhor representação do mercado global de DeFi”.
A princípio, o DEF11 vai contar com um total de 12 ativos, divididos em três categorias: protocolos DeFi, entre eles AAVE e SUSHI; protocolos de suporte, em que estão incluídos MATIC e LINK; e plataformas de registro, com a seleção inicial apenas da rede Ethereum.
O produto se une ao QDFI11, da QR Capital, que foi o primeiro totalmente investido em DeFi a ser listado no Brasil e no mundo. Com apenas uma semana de negociações na B3, ele já movimentou quase 9 milhões BRL.
3. Crescimento do investimento institucional
Uma enxurrada de companhias líderes de diversos segmentos da indústria vem investindo em criptomoedas e em blockchain.
No início deste ano, os players institucionais fizeram um retorno ao mercado aproveitando o mergulho das criptos para voltar às compras. Segundo a Bloomberg, uma das mais recentes aquisições de moedas digitais vem da gigante da contabilidade KPMG. O braço canadense da empresa teria adicionado BTC e ETH ao seu tesouro.
A MicroStrategy, de Michael Saylor, também anunciou que aumentou as suas reservas. A companhia arrematou mais 660 Bitcoins por 25 milhões USD. A empresa teria pago um preço médio de 37.865 USD por bitcoin, segundo um comunicado.
Na lista está a Tesla, que este ano ainda não se manifestou sobre compras de BTC, mas no ano passado declarou que suas reservas da moeda chegaram a 1,9 bilhão USD. Mais compra é esperada para 2022. A gigante de veículos elétricos já declarou acreditar “no potencial de longo prazo dos ativos digitais”.
A Tesla, paradoxalmente, mantém a decisão de não aceitar BTC como pagamento pelos carros. A suspensão foi feita em maio do ano passado. Elon Musk explicou o recuo como resultado de sua preocupação com o uso de energia poluente na mineração.
Fintechs como PayPal e Block (antiga Square), comandada pelo ex-CEO do Twitter, Jack Dorsey, também apostam abertamente nas criptomoedas, ao permitir que seus usuários utilizem as moedas digitais para fazer pagamentos em suas plataformas.
Os especialistas acreditam que a adoção das moedas digitais vai crescer ainda mais no segundo semestre de 2022. A Amazon deve ser outra a experimentar o mercado. Recentemente, os rumores da possível chegada da gigante de Jeff Bezos se espalharam quando a companhia publicou uma oferta de vaga para especialista em blockchain e criptomoedas.
Ainda que fazer pagamentos em cripto não faça sentido para a maior parte da população mundial, cada vez mais varejistas estão aceitando as moedas e abrindo caminho para a ampliação da adoção.
4. Metaverso
O metaverso é uma outra fenomenal porta de entrada. Empresas físicas entraram com tudo na disputa por lotes de terra no mundo virtual. Segundo o JPMorgan, em relatório recente sobre o assunto, o mercado imobiliário digital dobrou de preço entre junho e setembro do ano passado. Aliás, o gigante de crédito de Wall Street já garantiu o seu espaço no metaverso, pois acaba de abrir um lounge, batizado de Onyx, para receber os avatares visitantes.
Adidas, Samsung, Warner, Nike, Ralph Loren, Itaú, Vans, Gucci, Balenciaga e Disney são algumas dessas estrelas de primeira grandeza da indústria que já aderiram ao hemisfério digital em blockchain. A lista não para de aumentar.
As criptomoedas associadas ao metaverso e aos games foram as que mais se valorizaram no segmento no ano passado. GALA, por exemplo, saltou 52 mil% e foi o principal destaque da categoria.
5. De olho no Bitcoin
O Bitcoin é a moeda mais indicativa da direção do mercado cripto, por ser a líder em marketcap. Por isso, é nele que se deve ficar de olho para traçar um horizonte futuro.
O preço da moeda digital mais popular do mundo teve um 2021 excepcional, chegando ao seu pico histórico, 69 mil USD, em novembro. Mesmo tocando no maior nível de todos os tempos, em julho, ela caiu a menos de 30 mil USD. Esta flutuação aguda é o motivo por que os experts orientam fazer investimentos em criptomoedas de até 5% do portfólio.
A pergunta é: até onde é capaz de ir o Bitcoin em 2022? Muitos especialistas garantem que a unidade chega a 100 mil USD, a questão é apenas quando.
A visão de curto prazo é mais embaçada por conta da alta volatilidade. já para os “hodlers”, investidores com o pensamento no longo prazo, o ideal é esquecer as criptomoedas na carteira e evitar checar em ocasião de oscilações. Vence neste mercado quem está com o psicológico mais bem preparado.
Com o tempo
É possível especular sobre o valor que as criptomoedas podem ganhar em meses ou anos, mas tudo ainda é muito novo e os obstáculos se apresentam em meio à evolução do mercado.
Independentemente do que dizem os analistas, a trajetória cripto é curta e o amadurecimento da indústria vai trazer ainda muitas surpresas no caminho. O importante é só tomar a decisão de investir se você estiver realmente preparado para lidar com as pedras no caminho!
Se tiver qualquer comentário a fazer, como alguma intuição sobre o futuro das criptomoedas, sinta-se livre para escrever abaixo! Para se manter informado, conheça minha newsletter diária, o Bitcoin Hoje.